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Ciência Explica: Psiquiatria vs. Possessões Demoníacas



Um debate polêmico e que ganha cada dia mais seu lugar nos tópicos de discussão da sociedade moderna, após séculos de crenças e com os recentes avanços na Medicina, é normal que dúvidas cresçam na cabeça dos cidadãos, a princípio, a dúvida é um ótimo sinal, indica que você procura racionalizar o que lhe é dito e verificar fontes ou ao menos ter um maior embasamento sobre uma ideia ou acontecimento. O que mais se tem discutido atualmente é o dilema: Possessões demoníacas – um caso psiquiátrico ou um caso espiritual? Há quem defenda as duas teses, mas aceitar ambas acaba gerando mais dúvidas que escolhendo apenas uma e fixar-se nela e aprofundar. Para os céticos, agnósticos e ateus possessões demoníacas não passam de doenças neurológicas, psicológicas e principalmente psiquiátricas. Para os teístas, são sinais de possessão/opressões demoníacas, magia negra ou demonologia  e espiritismo, nessa matéria vamos abordar ambos os lados com ênfase na explicação científica que é a menos divulgada nos meios atuais, mas sem deixar de mostrar as teses dos teístas.

Para posicionar-se diante de uma ideia é necessário compreender todos os lados e considerar todos os dados, como uma equação matemática. E para isso você deve enteder as diferenças entre: Psicopatologias, psiquiatria e crendice (registrada históricamente ao longo dos anos).

• Psicopatologia é uma disciplina inter-científica fundamental no estudo dos estados psíquicos patológicos. É considerada, a nível teórico e clínico o coração da psiquiatria. É um campo de saber, um conjunto de discursos com variados objetos, métodos, questões. Por um lado encontram-se em suas bases as disciplinas biológicas, as neurociências, por outro, se faz ainda com inúmeros saberes oriundos da psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, linguistica e história. É campo de atuação principalmente de psiquiatras e de psicólogos clínicos.A psicopatologia enquanto estudo das anormalidades da vida mental é às vezes referida como psicopatologia geral, psicologia anormal, psicologia da anormalidade e psicologia do patológico. É uma visão das patologias mentais fundamentada na fenomenologia (no sentido de psicologia das manifestações da consciência), em oposição a uma abordagem estritamente médica de tais patologias, buscando não reduzir o sujeito a conceitos patológicos, enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e preconceitos.

Psiquiatria é uma especialidade da Medicina que lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam elas de cunho orgânico ou funcional, com manifestações psicológicas severas. São exemplos: a depressão, o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a demência e os transtornos de ansiedade. Os médicos especializados em psiquiatria são em geral designados por psiquiatras (até meados do século XX foi também comum a designação alienistas). A meta principal é o alívio do sofrimento e o bem-estar psíquico. Para isso, é necessária uma avaliação completa do paciente, com perspectivas biológica, psicológica, de ordem cultural, entre outras afins. Uma doença ou problema psíquico pode ser tratado através de medicamentos ou terapêuticas diversas, como a psicoterapia, prática de maior tradição no tratamento. A avaliação psiquiátrica envolve o exame do estado mental e a história clínica. Testes psicológicos, neurológicos, neuropsicológicos e exames de imagem podem ser utilizados como auxiliares na avaliação, assim como exames físicos e laboratoriais.

• Crença: Em filosofia, mais especificamente em epistemologia, crença é uma condição psicológica que se define pela sensação de veracidade relativa a uma determinada ideia a despeito de sua procedência ou possibilidade de verificação objetiva. Logo pode não ser fidedigna à realidade e representa o elemento subjetivo do conhecimento. Pode também ser entendida como sinônimo de fé e, assim como qualquer manifestação de fé, acompanha absoluta abstinência à dúvida pelo antagonismo inerente à natureza destes fenômenos psicológicos e lógica conceitual. Ou seja, tendo a fé/crença, é impossível duvidar e crer ao mesmo tempo.

Fé: é a firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta ideia ou fonte de transmissão.
A fé acompanha absoluta abstinência à dúvida pelo antagonismo inerente à natureza destes fenômenos psicológicos e lógica conceitual. Ou seja, é impossível duvidar e ter fé ao mesmo tempo. A expressão se relaciona semanticamente com os verbos crer, acreditar, confiar e apostar, embora estes três últimos não necessariamente exprimam o sentimento de fé, posto que podem embutir dúvida parcial como reconhecimento de um possível engano.

A possessão demoníaca ou também chamada de opressão demoníaca,  influência demoníaca e no popular “encosto”, é de acordo com o teísmo, principalmente na religião Cristã, o estado de um indivíduo em que se acredita estar em posse de demônios ou outra entidade maléfica.

É uma crença bastante comum em varias religiões e seitas, desde crenças tribais de natureza primitiva a várias igrejas cristãs modernas. A Bíblia apresenta vários casos de “possessão demoníaca”, no Novo Testamento. Isto, provavelmente, foi uma influência trazida à religião judaica pelos anos de exílio na Babilônia. Vários casos descritos como “possessão demoníaca” são quadros típicos de esquizofrenia, que é uma doença muito comum atualmente e na qual faremos uma breve introdução, já que é a doença considerada por médicos e até pela igreja como a maior causadora de dúvidas á respeito da possessão demoníaca.

•Ezquizofrenia: é um transtorno psíquico severo que se caracteriza classicamente pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais, sinestésicas, e sobretudo auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade. Junto da paranóia (transtorno delirante persistente, na CID-10) e dos transtornos graves do humor como o transtorno afetivo bipolar, ou bipolaridade (cujo o autor deste texto é diagnosticado). É um transtorno bastante complexo e que possui uma grande gama de sintomas e variações entre pacientes, sabe-se que é uma doença que atinge qualquer grupo de indivíduos sem restrições. Atinge aproxidamanete 1% da população mundial em mesma proporção nos homens e mulheres, e se manifesta na faixa dos 15-25 anos.

Atualmente existe uma classificação de 5 tipos para Esquizofrenia, no entanto será ressaltado apenas dois tipos no quais as possessões são mais confundidas:

* Esquizofrenia Paranóide: É a forma mais fácil de diagnosticar, pois os sintomas são mais concretos e distinguíveis. O quadro clínico é dominado por um delírio paranóide relativamente bem organizado. Os doentes com esquizofrenia paranóide são desconfiados, reservados, podendo ter comportamentos agressivos.

* Esquizofrenia Desorganizada: É o tipo em que os sintomas afectivos e as alterações do pensamento são predominantes. As ideias delirantes, embora presentes, não são organizadas. Em alguns doentes pode ocorrer uma irritabilidade marcada associada a comportamentos agressivos. Existe um contacto muito pobre com a realidade, paranóia e alucinações.

No entanto, modernamente foi demonstrado que a possessão não passa de um efeito oriundo de distúrbios de natureza psicológica, como, por exemplo, a histeria. Consegue-se pela hipnose simular e reproduzir artificialmente todas as características de todos os tipos de possessões possíveis. Também é possível fazer o sensitivo representar com realismo o papel de “possesso do demônio”, de alguma pessoa falecida e até mesmo o papel de uma pessoa viva e conhecid, ou em casos mais raros personalização de animais, agir como cães ou gatos etc.




Pergunta: “O que diz a Bíblia a respeito de possessão do demônio / possessão demoníaca?”

Resposta: A Bíblia dá alguns exemplos de pessoas sendo possuídas ou influenciadas por demônios. Nestes relatos podemos encontrar alguns sintomas de influência demoníaca e também ter entendimento de como um demônio possui alguém. Seguem-se algumas passagens bíblicas: Mateus 9:32-33; 12:22; 17:18; Marcos 5:1-20; 7:26-30; Lucas 4:33-36; Lucas 22:3; Atos 16:16-18. Em algumas destas passagens, a possessão demoníaca causa enfermidade física, como inaptidão para falar, sintomas de epilepsia, cegueira,  doenças como lepra, comportamente agressivo, profanação e auto-mutilação, conhecimento de coisas que antes não se sabia ou até incrível capacidade de persuasão, crises de humor como depressão, apatia e misantropismo, e em alguns casos a capacidade de falar em outros idiomas/dialetos.

Pergunta: “O que a ciência (em geral) diz à respeito das possessões?

Resposta: Além das doenças citadas preencherem várias lacunas no quesito sintomas da possessão e assemelhar-se com os sintomas de doenças mentais, como por exemplo:

- Enfermidade Física, é fato que o estado psicológico de uma pessoa afeta na produção de anticorpos e age diretamente no sistema nervoso que atua no sistema imunodefensivo, dessa forma, uma pessoa com depressão ou qualquer outra doença psicológica ou mental terá propensão a ter outras doenças, devido a fragilização do sistema imunobiológico;

- Inaptidão para Falar, doenças neurológicas como a epilepsia, são doenças que geralmente quando não lesionam os músculos, as convulsões causadas pelas crises epilépticas podem causar dano no sistema nervoso central e causar inaptidão para fala. Doenças psicológicas também podem explicar esse evento como não inaptidão para falar, mas sim recusa de falar. Desânimo, sono exagerado, apatia etc;

- Cegueira, diversas patologias desde infecções ou até lesões físicas ou neurológicas podem causá-la, hemorragia cerebral devido a contusão ou trauma etc;

- Lepra, ou atualmente conhecida como Hanseníase, doença causada por infecção bacteriana (bactéria Mycobacterium leprae), atualmente as incidências são raras e mínimas em países desenvolvidos como a França, e há tratamento com antibióticos como  o coquetel (PQT) a dapsona, a rifampicina e a clofazimina. Se não descoberta a tempo e não for tratada a doença pode matar e causar danos permanentes. No entanto, no período de Cristo e na era medieval era uma doença acusada com doença espiritual, é óbvio que com os avanços científicos como a invenção da microscopia descobriu-se o agente causador da doença, no caso uma bactéria;

- Comportamento agressivo, explicado por quase todos os transtornos de humor (Depressão, Transtorno Bipolar, Borderline etc.)Além do caso da Esquizofrenia que apresenta tal sintoma e quase seus 5 tipos;

- Profanação: Levando-se em consideração que uma pessoa com esquizofrenia seja de uma família totalmente religiosa e tal seja submetida a um exorcismo, é claramente possível que ela usará da profanação para extravagar e demonstrar seus sintomas de agressivadade e irritabilidade;

- Auto-mutilação, presente em vários transtornos psicológicos e psiquiátricos como Borderline, Depressão, Esquizofrenia, Transtorno Bipolar etc;

- Conhecimentos ampliados e dominação de várias linguas, de acordo com observações, os casos onde pacientes utilizam da dominação de várias línguas não é algo completo, é parcialmente, como apenas palavras religiosas, profanações, o que se levarmos em conta, se um doente é criado em uma família totalmente rigorosa e religiosa poderá ser motivo de rebeldia e até usar disso para persuadir;

- Crises de Humor – causa provável da bipolarida, depressão, distimia e borderline;

- Apatia, presente no transtorno de personalidade: Personalidade Dissocial (Sociopatia/Psicopatia), Transtorno bipolar, Fobia Social (cujo eu também possuo) e Distimia;

- Misantropismo, aparece geralmente como sintoma nas mesmas doenças mencionadas anteriormente, principalmente em Fobia Social e casos de abuso sexual, principalmente na infância;
                                   


Possessão vs. Transes



Nesta seção vou tentar explicar resumidamente mais características e argumentos para corrobar a ideia que possessões são explicadas por estudos científicos e classificadas apenas como sintomas de outras patologias mentais e psicológicas.

A CID.10 (Classificação Internacional das Doenças) rotula, sob o código F44.3, o chamado Estado de Transe e de Possessão. Trata-se de um transtorno caracterizado por uma perda transitória da consciência da própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. Devem ser incluídos nesse diagnóstico somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito.

Estando a pessoa em estado de êxtase falamos em Transe de Inspiração. É o caso, por exemplo, do dom de “falar línguas estranhas”. Falar línguas estranhas, também chamado glossolalia, constituiu um elemento marcante da doutrina pentecostal, portanto, fortemente cultural.

Como exemplos desse Transtorno Dissociativo Sem Outra Especificação o DSM.IV cita, entre outros casos, os estados dissociativos ocorridos em indivíduos que foram submetidos a períodos de persuasão coercitiva prolongada e intensa (presença de família extremamente religiosa e sem conhecimento médico), como por exemplo, lavagem cerebral, reforma de pensamentos ou doutrinação em cativeiro (Caso Emily Rose – Ver Filme: O Exorcismo de Emily Rose para mais info).

Em seguida o DSM.IV fala do Transtorno de Transe Dissociativo, referindo como perturbações isoladas ou episódicas do estado de consciência, identidade ou memória, inerentes a determinados locais e culturas, subdividindo esse transtorno em dois tipos; Transe Dissociativo e Transe de Possessão.

O Transe Dissociativo envolve o estreitamento da consciência quanto ao ambiente imediato, comportamentos ou movimentos estereotipados vivenciados como estando além do controle do indivíduo (Epilepsia, convulsões ou histeria). O Transe de Possessão envolve a substituição do sentimento costumeiro de identidade pessoal por uma nova identidade (Como mencionado, outra doença já classificada, onde o indivíduo se apossa de características de outras pessoas, vivas ou mortas e até de animais, zoomorfismo), atribuída à influência de um espírito, poder, divindade ou outra pessoa, e associada com movimentos estereotipados “involuntários” ou amnésia.



Vocação para o Sobre-Humano



De certa forma todos nós, através do lado mágico de nosso pensamento temos uma tendência a ter sentimentos e comportamentos sobre-humanos, algo de compense a desagradável sensação de pequenez e finitude a que todos estamos sujeitos, ora mais, ora menos fortemente.

Sentir-se “sobre-humano” pode aliviar a limitação para a felicidade plena imposta por nossa condição existencial. Mesmo nas pessoas tidas por descrentes, realistas, racionais, seja lá como gostam de ser consideradas, a partir do momento em que jogam na loteria, mesmo quando todas as probabilidades racionais não recomendam o jogo, está se manifestando um pensamento mágico. Seria um pensamento que foge à dureza da racionalidade que estabelece as probabilidades de ganhar, seria algo do tipo: “pode ser que eu tenha sorte” ou “pode ser que tenha chegado o meu dia…” e assim por diante. Isso é sentir-se sobre-humano, privilegiado e diferente dos demais. É esse o impulso que estou tentando explicar, o impulso de compensar o desconhecido com ideias premeditadas e predefinidas pela sociedade, como o paranormal  ou o sobrenatural.

Pode ser que a sensação de poder se comunicar com o sobrenatural, de ser escolhido como porta-voz dos espíritos, de ter sensibilidade especial (diferente dos outros), de poder curar, de poder prever ou influir no futuro, nos faça sentir especiais, sobre-humanos. Buscar influências fora de nós, além de nós também ajuda a atenuar a sensação de fracasso, de aliviar quando nos sentirmos incompletos, de desculpar não termos sidos tão brilhantes como gostaríamos. Se nossas falhas e limitações tivessem origem fora de nós mesmos, independentemente de nossa vontade nossa autoestima estaria preservada. A possessão por entidades pode tanto realçar sentimentos de superioridade como resolver sentimentos de inferioridade.





Pensamento Mágico



O pensamento mágico quando patológico, é também uma crença patológica. Havendo saúde mental, os estímulos para que se desenvolva o raciocínio devem provir de fontes externas e internas. Mas o pensamento não é guiado apenas por considerações estritamente atreladas à realidade, ele também flui motivado por estímulos interiores, abstratos e afetivos ou até instintivos. A criação humana, por exemplo, ultrapassa muitas vezes a realidade dos fatos, refletindo estados interiores variados e de enorme valor para a construção de nosso patrimônio cultural. Voltar-se para o mundo interno significa que o pensamento se manifesta sob a forma de DEVANEIOS – uma espécie de servidão das idéias às nossas necessidades mais íntimas, aos nossos afetos e paixões. Enquanto há saúde mental, entretanto, nossos devaneios são sempre voluntários e reversíveis; eles devem ser nossos servos e não nossos senhores e nós devemos ter a liberdade de desenvolve-los quando queremos e interrompe-los, também, ao nosso gosto. Em estados mais doentios, esses devaneios ou fugas da realidade são emancipados da vontade, são impostas ao indivíduo de forma absoluta e tirânica. Parece tratar-se de um indivíduo que despreza a realidade e vive uma realidade nova que lhe foi imposta involuntariamente, da qual não consegue libertar-se.

Nas Esquizofrenias, por exemplo, a pessoa perde totalmente os limites entre o mágico e o lógico, através de seus delírios. De modo geral, qualquer patologia mental capaz de produzir delírios subjuga a lógica, privilegiando morbidamente a mágica. A Psiquiatria Transcultural se preocupa em saber diferenciar a sugestionabilidade determinada por razões culturais do delírio, ou seja, diferenciar a pessoa que se sente possuída por entidade espiritual durante um culto religioso de um delírio. Durante um culto religioso, a pessoa vivencia um entorno místico, podendo ser sugestionada a aderir a algum tipo de Pensamento Mágico, cujo conteúdo não será totalmente estranho à outras pessoas que comungam a mesma crença ou o mesmo espaço cultural. Os sentimentos de transe e possessão não podem ser considerados delírios, muito embora possam estar emancipados da realidade lógica. Sabendo que o delírio é monopólio de transtornos emocionais muito sérios, como por exemplo das psicoses, é claro que não podemos atribuir o diagnóstico de delírio a todas pessoas sugestionáveis que se “deixam” possuir em cultos religiosos.



Crença Exagerada



Essas idéias costumam ser errôneas por supervalorização emocional ou psicológica de algum tema (político, ideológico, sobrenatural, extraterrestre, religioso, etc), e podem ser igualmente observadas até mesmo em indivíduos psiquicamente normais. Portanto, é muitíssimo necessário ressalvar, que nem toda Idéia Supervalorizada é forçosamente errônea, do ponto de vista lógico e racional, mas é sim, supervalorizada. As idéias contidas, por exemplo, nos códigos jurídicos, morais, sociais, religiosos podem se incluir, sem dúvida, na categoria de Idéias Supervalorizadas, embora não sejam obrigatoriamente errôneas. Os enamorados, os cientistas, os magistrados, os sacerdotes e afins, também cultivam idéias superestimadas afetivamente, respectivamente com respeito ao seu amor, à pesquisa científica, à jurisprudência e aos dogmas que obedecem. De qualquer forma, assim como dissemos em relação à Sugestão, as Idéias Supervalorizadas ou Crenças Exageradas não são Delírios (apesar de muitos delírios se manifestarem por fanatismo) e nem Idéias Deliróides. Existem vários outros sinais e sintomas que devem acompanhar Delírios e Idéias Deliróides que não acompanham as Crenças Exageradas. Logo, por definição, essas Crenças Exageradas devem estar sujeitas, mais ou menos facilmente, ao arbítrio ou vontade. Um exemplo de Idéias Supervalorizadas é aconsideração eugênica do nazismo, a concepção política do comunismo, a vocação para assuntos esotéricos, o fanatismo religioso, etc.

                             


As Seitas



O problema das crenças, seitas ou religiões como vê Fusswerk-Fursay (1975, 1980), resvala tanto no ponto de vista filosófico, como no ponto de vista psicopatológico, já que a saúde psíquica implica em um trânsito livre entre o conhecimento e a fé, entre a objetividade e subjetividade, entre a dúvida e a certeza. Uma das funções fundamentais do ser humano é a sublime capacidade de crer, inclusive como uma das condições de nossa própria sobrevivência e desenvolvimento. A crença será sempre um risco, uma submissão de nosso desconhecido em favor do conhecimento do outro, será a disponibilidade ou credibilidade de um em aceitar a convicção ou o discurso do outro.As seitas que proporcionam uma espécie de “controle mental”, ou seja, que proporcionam uma contaminação do fanatismo estariam promovendo algum tipo de sofrimento, de angústia, de perda da liberdade, seja no crente ou nos demais.

Supondo verdadeiro o fato das pessoas procurarem apoio religioso proporcionalmente à angústia que as aflige, algumas seitas têm uma clientela garantida pelas mazelas do cotidiano, pelos sofrimentos emocionais ou pela angústia existencial, cada vez mais comum em nosso meio. Essas pessoas angustiadas, ou que tenham alguma fragilidade emocional são as prováveis predispostas a deixarem se influenciar pelas crenças e seitas esdrúxulas. E não faltam religiões que tentam tornar a vida mais compreensível e suportável, auxiliando as pessoas a se orientarem dentro de seus contextos problemáticos, recorrendo a toda sorte de demônios e mandingas, enaltecendo a crença no mau-olhado, encosto, etc. O aspecto mórbido ou patológico dessas crenças está no sofrimento causado pela falsa esperança, na expectativa frustra e mesmo protelação de tratamentos médicos necessários. Um dos perigos mais contundentes desses Cultos de Aflição é tentar alterar, para a pessoa, o significado de algum sintoma ou alguma doença, minimizando indevidamente uma depressão grave, uma esquizofrenia, etc. Esses cultos costumam ter um cardápio das especialidades terapêuticas da igreja conforme o dia da semana; às segunda, retirada de encostos, às terça, doenças incuráveis, e assim por diante.

Cientificamente, entretanto, não podemos considerar uma religião ou seita patológica, ainda que seja demasiadamente esdrúxula em seus cultos e liturgias. Trata-se de uma questão lógica, pois a patologia é um atributo das pessoas e não das associações, seitas, agremiações, etc, no entanto, podemos dizer que existem algumas seitas ou religiões patogênicas, ou seja, capazes de desencadear ou agravar quadros psicopatológicos em pessoas predispostas ou circunstancialmente vulneráveis.

                                          

Concluindo: Independente de qual sua religião, ou qual são/quais são seu deuses, ou se você não crê em nada, ou crê mas defende suas ideias pessolamente, esse foi um texto apenas para tentar balancear as ideias de possessão e quais são as explicações, reais ou não, que a ciência tem para oferecer. Ouvir os dois lados é sempre bom, se não for capaz de mudar suas ideias ou conceitos, só trará benefícios, como por exemplo exclusão da dúvida e fortalecimento da sua fé, ou seja lá qual o nome que você dê a isso.

Deixo aqui em baixo um trailer de um filme bem interessante, não tão científico para ilustrar corretamente o post, mas mostra um pouco da realidade ilusória de algumas religiões se tratando de exorcismos.

Já que somos um site de downloads, não faz mal eu deixar o link do filme para quem estiver realmente e urgentemente interessado para estudar e se distrair um pouco. O gênero é suspense/terror.